Análise e Produção - Pacato Cidadão.

Com base nos estudos de reflexão acerca do valor enunciativo do aposto e vocativo e na análise da música 'Pacato Cidadão', Samuel Rosa (Skank). O objetivo proposto foi, utilizar um vocativo a critério do aluno, com base na música, ou seja, o termo Pacato, deste vocativo, Pacato Cidadão.
A seguir, algumas produções daqueles alunos que se sentiram à vontade em compartilhar:

Pacato professor
                                  Rebeca Vivardo de Sousa, 3º C

Pacato professor, como trata seus alunos tão bem, com uma ligação intima, vejo a dedicação que tem ao preparar as aulas, é tão calmo e aplicado.
Se todos fossem assim estaríamos todos tão felizes, tanto os professores como os alunos. Pacato professor, ensina seus colegas de trabalhos a lidar em certas ocasiões, isso os ajudaria. É notável o amor que tem em fazer isso, as aulas são tão alegres e agitadas, felizes são aqueles que
têm aula com o senhor.
Pacato professor, em dias de descanso é visto que prepara aulas diferentes, que ajudam os alunos a serem mais participativos.
Pacato professor, é um bom profissional.


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Jovem, pacato jovem
                                    Francile Cristina de Oliveira Barros, 3º C

O que há em ti, jovem, que vês as coisas acontecerem e nada fazes para muda-las?
O que se passa em tua cabeça que vives em crise e não consegues resolve-las?
Pacato Jovem, o que te prendes ao mundo virtual?
É a fuga da realidade?

Pacato jovem, em meio a tantas decisões, por que és tão indeciso?
Pacato jovem vês tudo acontecer através de uma tela, tomas decisões através
dessa mesma tela e permaneces sentado no sofá.
Para ti “tanto faz”, mas depois só sabes reclamar.

Pacato jovem, até quando viverás no automático?
Até quando deixarás que os outros decidam por você?
Jovem, pacato jovem, tua capacidade é muito maior do que imaginas.
Toma decisões, levanta do sofá, saia do automático.

Pacato jovem, até quando serás pacato?

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Pacato colega
                              Ana Luiza da Silva Barros, 3º C

Eu sei, parece melhor não se envolver, não interferir, deixar pra lá, mas preciso que reaja.
Reaja as barbaridades e as maravilhas, não fique apático ao seu redor, o mundo precisa que se posicione, que defenda seu lado da história e que esteja aberto a ouvir o de tantos outros.
Pacato colega, a vida é só uma e eu preciso que a faça valer. A juventude não voltará e essa sede por inovação e diferença, talvez, passe, aproveite-a no auge. Tome posse do sua origem, da sua história, da sua existência e acredite, o mundo também está aqui por você.
Se, como sempre, você deixar pra depois, talvez o tempo acabe, e só sobrará arrependimento.

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Cidade Pacata
                                               Giovanna Vilalva, 3ºA

Nessa narrativa, acompanharemos o grande clichê de uma cidade pacata. Mas afinal, o que torna a cidade em si pacata, se não os que lá habitam?
São pessoas das mais diversas, mas que seguem uma espécie de padrão. Suas ações, mesmo que imprevisíveis, não deixam de possuir certa dose de previsibilidade. Soa redundante, não? Deixe-me explicar melhor.
Se pensarmos em sujeira, um lugar específico deste município nos viria à cabeça? Não, não me refiro aos bueiros e ao rio escuro e insalubre, e sim ao típico boteco na esquina da pracinha — que logo será nosso cenário, mas focaremos no boteco por agora.
Lá, o público, predominantemente masculino, se reúne diariamente, seja para tomar uma cachaça barata ou para assistir ao jogo de futebol. O local exala tanta testosterona que, só de passar na frente, o nariz alheio torce imediatamente.
Entre os olhos vidrados na televisão e goles de cerveja, uma discussão se inicia. E um gesto que seria imprevisível para o momento, por outro lado, já era esperado, levando em conta o comportamento típico daqueles homens, que discutiam por futebol e nem sequer davam conta sobre os problemas na saúde e educação de seus filhos.
Ah, seus filhos! Estes brincavam nos brinquedos comprometidos do parquinho, ali mesmo, na praça em frente. As crianças se divertiam nos balanços e gangorras enquanto as mães dividiam fofocas sobre a cidade inteira. Uma delas relatava a traição do marido da vizinha com deboche, porque se ele havia procurado fora, é porque não tinha dentro de casa. Mas a mulher sequer levava em conta que ela e o marido não trocavam qualquer espécie de afeto ao que pareciam séculos, cultivando uma relação tão rotineira quando o ato de amarrar o cadarço do tênis. A única coisa que mantinha aquela relação em pé eram os filhos e a comodidade. Quem garantia a fidelidade de seu marido? Mesmo que ela tivesse dúvidas sobre isso, não hesitou em julgar e debochar dos problemas alheios.
Mulheres, mulheres...
Mas não, a moça que passou na frente delas, pela praça, não era mulher. Mesmo que suas vestimentas e comportamentos fossem compatíveis ao feminino, a biologia falava mais alto. Anatomia. Seus traços grosseiros e másculos. Sua altura exacerbada. A sexualidade no meio das pernas.
— Nossa, que horror, que aberração! — sussurrou uma.
— Aquele traveco nunca será uma mulher como nós — complementou outra.
A moça continuou a caminhar, sem se importar com os comentários maldosos. Já os ouvia há tempos e, mesmo que fosse trágico dizer, já havia se acostumado com eles. Ela ignorava o assédio e preconceito que, de certa forma, já faziam parte de sua rotina.
Rotina. Rotina. Rotina.
Maldita rotina! Será que eles não percebiam os problemas a sua volta? Será que eles não percebiam que alimentavam um padrão disforme dentro daquela cidade?
Talvez soubessem, talvez não.
A verdade é que aquele padrão era cômodo demais.
Cidade pacata, pessoas pacatas.

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Acorrentado por mim
Luiza Cavalcante, 3ºA

O Sol já estava a se pôr. Ele atravessava a grande avenida que fazia travessa com a rua de seu prédio, às vezes esbarrava em algumas pessoas extremamente apressadas que iam em direção ao metrô no horário de pico. Depois de um dia exaustivo, de percurso cansativo, trânsito, correria e agitação, tudo que aquele pacato trabalhador queria era descansar. Quando foi que a vida dele havia se tornado aquilo? Ele se questionava sempre que chegava em casa e sentava-se no sofá.
"Como aquele sentimento de extrema euforia e desejo de vida se esvaiu de mim? Quando foi a última vez que fugi de minha própria rotina?"
Ele não era o único. Estava preso a realidade monótona que a atualidade traz a cada um. Tivera sonhos, vontades, queria mudar o mundo, no entanto, a maldade do tempo tirou tudo isso dele, do mesmo modo que se tira o sopro da vida com um tiro.
Era isso que a vida trazia à grande maioria das pessoas. Vivia em serviço de um emprego que o enfiava em um cubículo, preso a digitar números, palavras e a fazer planilhas e orçamentos em um computador.  E ao que mais seu tempo era dedicado? Chegar em casa estressado e sentar-se em frente da televisão, no intuito de ouvir notícias desgastantes que o faziam refletir sobre a falta de brilho que a vida tinha.
Mas era mesmo a vida que não tinha mais brilho? Que não tinha mais aquele tom colorido que sempre enxergamos na infância? Ou será que nos prendemos a um padrão que poucos quebram ou tentam modificar?
Então é a isso que ele se prende, trabalhar, chegar em casa e se frustrar. Reclamar de seu dia, do trânsito, de um desentendimento no trabalho, das contas a pagar, da política, da violência. Encher o peito para apontar mil e um problemas em seu mundo, porém, nunca enxergar o problema dentro de si. Ora, quando ele mesmo levantará do sofá e deixará sua criatividade fluir novamente? Quando pegará as telas e tintas escondidas no fundo do armário e as colocará no cavalete pronto para fazer aquilo de que realmente gostava?
As cores vibrantes que preenchiam suas telas antigas foram substituídas pelo cinza do cubículo que o preenchia no trabalho. O cinza agora era parte de sua vida, era o trabalho, a cor de suas paredes e principalmente a cor das correntes que prendiam seus pulsos àquela comodidade. Escravo de uma sociedade que segue a monotonia. E quem poderia liberta-lo daquelas correntes? Ele mesmo, e mais ninguém. A chave que destranca e solta as correntes de seus pulsos está em sua mente, é o pensar, é a atitude.
Foi a essa conclusão que ele chegou ao assistir pela milésima vez às notícias ruins no jornal.
E foi isso que aquele jovem decidiu fazer naquela tarde, quase noite. Desligou a TV, levantou-se e procurou por suas telas. Nada mais importava naquele momento. Não importava se passaria a noite acordado e se atrasaria para o trabalho na manhã seguinte. Ele precisava se libertar de tudo aquilo que criava aquela nuvem em cima de sua cabeça. Por isso, esticou as mangas brancas da camisa, afrouxou alguns botões, tirou os sapatos e meias, sempre gostou de pintar descalço, e por fim, iniciou a tornar a tela branca em tons diferentes de cores.

Havia soltado suas correntes.

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Pacato trabalhador
                                               Beatriz Mendes, 3º A

Pacato trabalhador, como é tranquilo em sua profissão, mesmo acordando tão cedo continua sendo pontual.
Todos os trabalhadores deveriam ser determinados assim, se aprendessem contigo como ser bem-humorado até nos dias difíceis, seria tudo diferente.
Pacato trabalhador, mesmo cansado leva trabalho para casa, faz mais do que deveria no emprego.

Pacato trabalhador, é estimulante seu foco no serviço mesmo perto de tanta distração.

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