Descarte de Pilhas e Baterias - Interdisciplinar: Química e Língua Portuguesa


Coletânea de textos sobre descarte de pilhas e baterias

                                                                                                                                    Instituto Akatu


I - Consumo consciente de pilhas e baterias reduz impactos sobre o meio ambiente
Usadas em diversos aparelhos eletro-eletrônicos que fazem parte do dia-a-dia, as pilhas e baterias podem representar um problema ambiental que afeta a todos, direta ou indiretamente, por conta dos metais tóxicos envolvidos em sua fabricação. Esses problemas podem ser minimizados se o consumidor tomar consciência da melhor forma de adquirir, usar e descartar esses produtos.
A resolução 257 do Conama determina que as pilhas e baterias fabricadas e importadas no Brasil contenham uma quantidade máxima de metais tóxicos (necessários ao funcionamento da pilha). Dentro destes limites, o Conama autoriza a disposição de pilhas de uso doméstico em aterros sanitários, causando impactos reduzidos sobre o ambiente. Apesar disso, o problema, segundo André Saraiva, vice-diretor de Meio Ambiente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), é que somente 12,8% das cidades brasileiras, de um total de 5632, têm aterros sanitários. Os outros municípios depositam seus resíduos em lixões que, diferente dos aterros sanitários, não possuem infra-estrutura ideal para minimizar os impactos ao meio ambiente.
Assim, apesar de classificadas como seguras pela legislação ambiental, quando descartadas em lixões, fatalmente as pilhas deixam vazar substâncias tóxicas para o solo, lençóis freáticos e o ar, o que acaba afetando as pessoas das regiões próximas e alimentos. Conforme Jorge Tenório, professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, alguns metais utilizados nas pilhas são cancerígenos e têm efeito acumulativo no corpo humano. “Uma vez que a pessoa absorve esse elemento, não tem mais como se desintoxicar”. Tudo isso gera uma demanda que poderia ser evitada por serviços públicos de saúde. Os gastos dos hospitais públicos com internações e tratamentos são pagos por todos, por meio dos impostos.
Legislação do Conama
Para as baterias que contêm níveis de mercúrio, chumbo, cádmio e manganês, entre outros metais, acima das determinações do Conama, a legislação ambiental impõe a coleta dos produtos pelas empresas. Geralmente, baterias automotivas, de notebooks e celulares são devolvidas nos próprios pontos de revenda. Segundo Saraiva, as indústrias representadas pela Abinee (quase a totalidade das empresas que atuam no setor de elétrica e eletrônica no país) já haviam banido o mercúrio e possuíam um sistema de coleta mesmo antes da resolução. 
Já para as pilhas de uso doméstico, o controle é muito mais difícil. São, segundo a Abinee, 1,2 bilhão de unidades em circulação no Brasil. O cidadão consciente pode, por meio de escolhas de consumo, prolongar a usabilidade do produto, evitando, além da possível contaminação, a geração desse volume de lixo. Conforme o educador ambiental Paulo Diaz, do programa USP Recicla, a melhor alternativa é utilizar pilhas alcalinas ou recarregáveis do comércio legal, que contém níveis de toxicidade dentro da legislação brasileira
Para o professor Tenório, as pilhas recarregáveis, apesar do preço mais alto do que as comuns, são um investimento com retorno garantido. “Do ponto de vista ecológico, elas são muito superiores. Funcionam por até cinco anos, enquanto uma alcalina dura por 90 dias”. De acordo com ele, 95% das pilhas usadas no Brasil são alcalinas e comuns, enquanto na Europa, o uso das recarregáveis já é bastante disseminado. Ele diz também que, do ponto de vista energético, as pilhas são uma das fontes de energia mais caras que existem, superando eletricidade e combustíveis derivados de petróleo.

Descarte dos resíduos
O descarte das pilhas domésticas gera uma discussão entre alguns elementos da sociedade. Muitos acham que o recolhimento das pilhas deveria ser feito pelas empresas, uma vez que muitas cidades não são providas de aterros sanitários. Já as empresas alegam que é responsabilidade das prefeituras prover os municípios de infra-estrutura básica. A prefeitura de São Paulo, por exemplo, informa que a responsabilidade é de quem vende a pilha.  Mesmo assim, na hora de descartar, caso o consumidor não esteja seguro se sua pilha será encaminhada para um aterro sanitário, o consumidor pode buscar um posto de coleta. Em São Paulo, por exemplo, qualquer uma das lojas da Drogaria São Paulo funciona como posto de coleta de pilhas e baterias de 9V. A empresa, em seguida, envia o material doado para reciclagem. Para saber o endereço das unidades da rede de farmácias, consulte o site www.drogariasaopaulo.com.br.
II - Consumidores devem evitar pilhas piratas
O consumidor consciente deve ficar atento ao comprar pilhas, evitando adquirir as "piratas". Conforme André Saraiva, vice-diretor de Meio Ambiente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), mesmo com os avanços da regulamentação do Conama, os riscos de danos ao Meio Ambiente continuam existindo por causa do excesso de pilhas e baterias falsificadas ou importadas ilegalmente, que possuem produtos tóxicos em sua composição. Ele diz que, do 1,2 bilhão de pilhas de uso doméstico em circulação no país, 400 milhões são piratas, ou seja, praticamente um terço deste mercado.
O comércio ilegal não prejudica somente as empresas, que perdem mercado e deixam de gerar empregos. Também o consumidor, que adquire um produto de qualidade inferior (durabilidade de 15% das pilhas originais, conforme a Abinee), e o governo, que deixa de arrecadar impostos sobre produtos, gerando uma cadeia onde todos saem prejudicados.

Para Saraiva, é importante que o consumidor saiba identificar as pilhas piratas, até porque algumas são muito semelhantes às originais. Além do valor, muito mais baixo que o preço praticado no mercado legal, as piratas não apresentam, na embalagem, informações sobre o fabricante, validade, modo de descarte e instruções para o uso, ao contrário das originais. Mesmo quando trazem essas informações, o idioma utilizado não é o português - mais um indício de que a pilha não é original.
Além disso, as pilhas falsificadas não passam pelos testes a que as pilhas originais são submetidas, em laboratórios cadastrados pelo governo. Saraiva lembra uma pesquisa feita na Alemanha, em que foram analisadas as pilhas falsificadas em circulação no mercado. Segundo ele, o estudo revelou que as taxas de mercúrio – metal altamente tóxico – nas pilhas falsificadas eram, em média, de 80 miligramas por unidade. Considerando que o Brasil importa ilegalmente cerca de 400 milhões de pilhas, a quantidade de mercúrio descartada, de forma muitas vezes inadequada, corresponde a 35 toneladas.

III - Uso e descarte de baterias de celular exigem cuidados especiais
As baterias de celulares mais comuns são feitas de níquel-cádmio (NiCd), níquel-metal hidreto (NiMh) e de íons de lítio (Li-Íon). As primeiras estão sendo abolidas pelas empresas, por sua menor durabilidade e alta toxicidade do cádmio. As de melhor custo-benefício são as de íons de lítio, segundo os fabricantes. Entretanto, mesmo elas estão sujeitas a problemas e o proprietário pode, usando-as de forma correta, reduzir a necessidade de troca e evitar a entrada dessas baterias no ciclo do lixo.
A primeira recomendação das empresas é que se utilize o celular, as baterias e os  carregadores conforme indicado pelos fabricantes e que se evite a compra de produtos falsificados, adquirindo-os em revendas autorizadas. O descarte também exige atenção especial. Geralmente, as lojas de celulares funcionam como pontos de coleta de baterias, de onde são destinados às empresas que promovem a reutilização ou reciclagem dos materiais. Assim, evita-se que os metais tóxicos contidos nas baterias (principalmente as de Níquel-Cádmio) sejam depositados em lixões e contaminem o meio ambiente.

Falsificação

Algumas baterias falsas são facilmente identificáveis, como quando são vendidas fora da embalagem, apresentam defeitos na etiqueta, como erros de digitação e, principalmente, quando estão com preços abaixo da média de mercado. Os preços mais baixos podem indicar que a bateria não tem os principais recursos de segurança que as originais possuem.

Outra recomendação é que o consumidor busque uma assistência técnica autorizada quando notar algum problema em sua bateria. Consertar qualquer produto é sempre uma boa medida, pois economiza recursos naturais e a energia que seria gasta no processo de reciclagem. Além disso, a reutilização evita a geração de lixo quando se joga o produto fora.

Repensar

Uma alternativa é repensar os hábitos de consumo, antes mesmo de buscar a reutilização ou a reciclagem de um produto. Paulo Diaz, educador ambiental do programa USP Recicla, lembra que o uso do celular pode ser reduzido, bem como o consumo de energia da bateria. Por exemplo, não há necessidade de o celular ficar ligado durante à noite, enquanto a pessoa dorme. “Quando estou em casa, eu desligo. As pessoas me ligam no telefone fixo”.

Ele lembra de colegas suas que nem têm o celular e se comunicam normalmente. É o caso de Patrícia Silva Leme, bióloga e educadora ambiental do USP Recicla em São Carlos. Patrícia evita o uso do celular, segundo ela mesma, pela preocupação ambiental, lembrando que é necessário reflexão sobre alguns hábitos de consumo, pelo impacto negativo que podem causar. “Eu tenho telefone em casa e no trabalho, consigo me comunicar bem”.

Patrícia nunca teve celular, com exceção da época em que ganhou um celular da irmã, há dois anos. Não durou três meses, conta ela, que ficou incomodada com a necessidade de carregar com créditos e a “perda da privacidade”. “Depois, passei a me questionar da necessidade de ter novas tecnologias freqüentemente”.

“As pessoas às vezes se queixam de estarem endividadas, mas continuam mantendo celular para os filhos. Uma coisa que era pra facilitar acaba virando necessidade”, afirma.

IV - Baterias de carros devem ser entregues em postos de coleta
Entre as baterias de uso doméstico, as mais tóxicas são as de carros. Em sua composição é utilizado o chumbo ácido, que, além de ser uma substância extremamente tóxica, é corrosiva. Seu manuseio exige muito cuidado e seu descarte, mais ainda. Tanto que a recomendação mais importante, segundo Jorge Tenório, professor titular da Escola Politécnica da USP, é que, ao adquirir uma bateria nova, o proprietário deixe a velha no ponto de revenda. “30% das pessoas guardam a bateria em casa sem necessidade”, estima ele.
De acordo com André Saraiva, vice-diretor de Meio Ambiente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), a cadeia das baterias automotivas também é muito difícil de se controlar, por causa da pulverização dos pontos de venda – cerca de 1.500 espalhados pelo Brasil. Ele diz que hoje a tecnologia permite que cerca de 95% dos componentes da bateria sejam reciclados. O restante é descartado de maneira correta, minimizando os impactos ambientais.

Acontece que, algumas vezes, isso foge ao controle. Segundo ele, são sete recicladoras oficias operando no país e, por outro lado, 42 clandestinas, que não se pode dizer que operem de maneira correta. “As baterias automotivas têm uso crescente no tráfico de drogas. O eletrólito contido na bateria é usado para o refino da cocaína, o chumbo é utilizado para fabricar munição e o plástico é reciclado e utilizado em algumas partes da arma”, afirma Saraiva. Daí a importância de se entregar as baterias em pontos de revenda confiáveis.


Uso prolongado
Para utilizar a bateria de forma correta, é necessário que o proprietário atente para alguns cuidados na manutenção do carro. Até mesmo pneus mal conservados podem gerar aumento do consumo da bateria.
Um bom mecânico pode dar algumas orientações de como evitar o consumo excessivo da bateria. Uma dica é evitar dar partidas muito longas, principalmente no frio. Com a baixa temperatura, a bateria perde a potência e uma partida muito prolongada pode fazê-la queimar, além de danificar o motor de arranque. Após algumas tentativas, se o carro não pegar, chame o mecânico.
A verificação de rotina é muito importante. Deve-se verificar o nível de água da bateria (para os modelos que exigem água), que só deve ser completado com água destilada.
Outra recomendação é que se evite deixar luzes e faróis acesos, rádio funcionando ou ar-condicionado com o motor desligado, o que leva a bateria a se descarregar rapidamente, em questão de horas. Instalar um sistema de som muito potente também exige uma alteração no sistema elétrico do carro, com bateria e alternadores mais eficientes.






Pilhas e baterias são agressivas ao meio ambiente
                      Esses objetos são compostos de produtos químicos de alto nível tóxico.
                                                                                                                                         SILVIA POSTIGLIONI
                     PAULA BALDINI

Objetos como pilhas e baterias são extremamente agressivos ao meio ambiente e à saúde do homem, já que são compostos de produtos químicos de alto nível tóxico. Depois de usados, se jogados no lixo comum, podem causar danos.
O Instituto Triângulo, organização não-governamental localizada em Santo André, recebe pilhas e baterias para reciclagem. Para reaproveitá-las, são desencapadas e levadas para fornos industriais em alta temperatura. Depois, os metais que são liberados servem de matéria-prima na produção de refratários, vidros, tintas, cerâmicas e químicas em geral.
Mas de que forma objetos que parecem tão insignificantes podem causar danos à saúde pública? “Apesar do seu tamanho, as pilhas e baterias contêm metais pesados em sua composição que podem contaminar o solo e a água. Existe uma resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) que permite o descarte de pilhas no lixo convencional. Entretanto, há algumas marcas que não respeitam esses limites de metais (em especial as chamadas piratas) e são muito nocivas ao homem e ao ambiente. Além disso, não são todas as cidades que possuem aterros sanitários adequados para receber esse tipo de lixo”, disse o diretor de operações do Instituto Triângulo, Fabrício França.
Hoje, elas representam um grave problema ambiental, além de causar doenças que podem afetar o sistema nervoso central, o fígado, os rins e os pulmões. O cádmio é cancerígeno, o chumbo pode provocar anemia, debilidade e paralisia parcial, e o mercúrio pode também causar mutações genéticas.
Questionado sobre a produtividade dessa ação do instituto, Fabrício responde que financeiramente só existem gastos. “Mas serve como forma de mobilização e para incentivarmos as pessoas a participarem de nossa rede. A pilha, assim como o óleo, é um resíduo que não tem ainda uma solução fácil de descarte e fazemos isso como uma prestação de serviço para a população”, afirmou.
Certificado como OSCIP (Organização de Sociedade Civil de Interesse Público) desde 2004, o instituto entrega as pilhas coletadas à Prefeitura de Santo André, que paga para a Suzaquim, empresa do Estado de São Paulo, reciclar esse tipo de resíduo.
No Brasil são produzidas anualmente, segundo a ABINEE (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), cerca de 800 milhões de pilhas, entre as chamadas secas e alcalinas.
Os interessados em contribuir com a doação de pilhas e baterias usadas podem entregá-las aos agentes socioambientais do instituto. Caso os agentes ainda não tenham passado em seu bairro, entre em contato pelo telefone 4991-1112, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.
Para conscientizar um maior número de pessoas, grande parte dos condomínios da região do ABC conta com o serviço de coleta seletiva. Os moradores têm apenas o trabalho de separar os materiais químicos dos normais na hora de colocar o lixo para fora de casa.
A pedicure Dinael Viola, moradora do edifício Artigas, que fica no bairro Barcelona, em São Caetano, é uma das que contribuem com essa ação. “Esse trabalho de separar o lixo é algo que todos nós deveríamos fazer, pois assim ajudamos o meio ambiente. Além disso, eu acredito que é dever de qualquer cidadão reciclar todos os materiais possíveis’’, disse.

Outro condomínio de São Caetano que também faz a coleta de matérias recicláveis é o São Martim, que possui cerca de 250 moradores. Parte dessas pessoas não apóia o fato de o condomínio exigir a coleta seletiva, como é o caso do mecânico Rogério Freitas. “Perco muito tempo separando todo o material reciclável. Não concordo com essa exigência do condomínio, afinal cada um contribui como e quando quiser”.
Segundo o instituto, Santo André é a cidade do ABC que mais recicla o lixo sólido e também a que melhor desenvolve um programa de coleta seletiva, além dos resíduos de uma forma geral.
Para França, o que falta é informação. “O que as pessoas precisam é ser informadas de como proceder para colaborar e, após a informação, é necessário que aconteça a mudança de hábito e posteriormente a mobilização das pessoas para começarem a praticar ações socialmente adequadas.”







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