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Mostrando postagens de maio, 2020

Por mais vezes

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  Analú nos leva em uma prosa enxuta as suas primeiras vezes. São algumas dentro do universo de descobertas de uma adolescente no segundo ano do ensino médio.   Habituada às mudanças ocasionadas pelo trabalho do pai, nos diz que o melhor jeito de se estar, tomar posse da casa nova, da vida que se reveste de mudanças, de cidade à cidade, está em abrir as caixas e despejar os pertences, que posso dizer, fazem parte de nossa organização, nos abrir para nos reconciliar com as voltas das vidas que vamos empacotando emoções, sentimentos e angústias, todos dentro de caixinhas, e uma hora, ao nosso bem, se faz necessário pra que nos organizemos, despejar os retratos dos sentimentos, abrindo toda uma vida que foi formada para saber lidar com as novas etapas. Analú está assim, de uma menina cheia de inseguranças e pé atrás, na nova escola, na São Paulo depois de uma estada no Rio, vai descobrindo que deve, também, abrir-se ao novo, às novas amizades e descobertas.   E...

Seja o seu aplauso, Francisco Carrasco

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O isolamento nos colocou diante a algo que normalmente aos nossos olhos fogem, a nossa vida.   Não raro nos deparamos com um discurso de motivação, que tudo passará e seremos, como um mundo pós-guerra, irmãos. Olharemos ao nosso vizinho não mais pensando no incomodo que faz ao, meio da noite, chegar acompanhado e o salto ir pontuando o piso antes de quaisquer gemidos. Diremos, com o olhar da cumplicidade, após uma noite dessas no hall, quem sabe a caminho da padaria, a noite rendeu. Diria, talvez incrédulo, pois é. Que iremos retornar aos dias de trabalho, antes odiosos, com as suas rixas, rivalidades e prazos apertados, em ternos apertados, gravatas sufocantes, sorrir ao sentar em suas cadeira, com a sua xícara que lhe lembra, você e todo o setor, que é uma pessoa preocupada com o meio ambiente. Possivelmente, esta segunda parte faça mais falta, os aplausos que nutrem e amortizam simultaneamente a nossa vaidade. Nas sacadas, pela tevê, em um domingo à noite, as pessoas não...

Por que ler Iracema? - Francisco Carrasco

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Tomo de empréstimo o título do italiano Ítalo Calvino; ‘Por que ler os clássicos?’ – publicado pela Companhia das Letras -; para falar de dois da Língua Portuguesa, o que cede o título, ‘Iracema’ de José de Alencar, brasileiro, e ‘Os Lusíadas’, Luís Vaz de Camões, português.    Estes dois autores têm papel fundamental na Língua Portuguesa, Camões inovou-a, gosto de dizer que é o pai da Língua Portuguesa moderna, um divisor entre o português arcaico, o galego – falado nas províncias -, ao que aproximadamente falamos hoje desconsiderando a evolução histórica do século XIV para cá, e Alencar, que em seu ideal ufanista, escritor do Romantismo, colocou na produção de seus romances, buscando a ruptura ao português de sintaxe lusitana à brasileira mais malevolente com as regras e a inserção de palavras de origem tupi, bem vistas em Iracema. Aliás, retomado por Mário de Andrade e a turma do Modernismo. A aproximação entre eles não basta nisto, morreram jovens, o português com apro...

As aves que aqui gorjeiam – Francisco Carrasco

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