As aves que aqui gorjeiam – Francisco Carrasco

A busca pelos primores desfrutados entre os aliados nos primeiros dias de mandato que não encontra mais por cá.


No domingo, três de maio deste ano, o jardim da alvorada amanheceu, fora os quero-queros, tomado por um outro ruído, que com suas plumagens semelhantes de barracas que, por uma má língua, dir-se-ia compradas por um mesmo organizador, não davam dúvida, todos da mesma espécie, esperavam pelo seu grande líder em apoio contra àqueles que instituíram como os seu caçadores: ex-ministro Moro, o ministro do STF – Alexandre Moraes e o presidente da Câmara – Rodrigo Maia. 


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Este bando, vê-se ameaçado, quando o seu líder, o homem acima de todos, por eles ali colocado, têm a sua porta, batidas que invocam a palavra - tão rotineira na nossa breve democracia - impeachment. Que acuados com a decisão do STF contra a nomeação de Ramagem ao cargo de diretor-geral da PF, um possível aliado na cortina a reter o sol da lucidez de fatos contra a avalanche de postagens de ódio que povoaram as redes sociais no período de sua seleção dentre outros, como o mais bem adaptado, e ainda imperam contra o Rodrigo Maia e o Ministro Alexandre Moraes.

De acordo, com um destes outros, colocado de lado por não atender o ambiente que se desenhou após a uma caça ao que lhes ameaça, Fernando Haddad, em “ Desigualdade e perversão”, Folha, apontou dados da pesquisa do Laboratório de Desigualdade Mundial de 2018, em que se elucida o temor do grupo localizado na classe média com o avanço dos pobres e distanciamento dos mais ricos.

Tendo o seu habitat encurralado, não houve a eles outra saída, senão o discurso de ódio a uma situação tão bem representada por um líder que assumia, sem limite algum, um cantar preso contra os invasores e os seus representantes, sendo articulado no gabinete do ódio que agora se depara, contra um dos seus, antes aliados, agora caçador, Sérgio Moro a ameaçar um dos seus descendentes, Carlos Bolsonaro.

Por certo, o bando já vem se tornando diminuto a cada tropeço, e as falas de seu líder com relação ao COVID-19 com pouco, ou nenhum louvor à vida, contribuem à avaliação levantada pelo Datafolha, 27 de abril, em que apenas 33% dos brasileiros avaliaram o seu governo como bom ou ótimo

É certo que, a seleção das espécies tem mostrado que, possivelmente, as aves que, por ora gorjeiam a favor do governo, encontrar-se-ão ainda mais limitadas pela razão, e que talvez não achem mais campos a gorjearam como dantes, cabendo-lhes neste momento, acuadas, cantar o seu ódio como fazem por lá, no Planalto Central, aos seus ditos inimigos. E tendo, no Centrão, cismando sozinho à noite, antes rechaçado pelo presidente, avistando o sopro ao seu gorjear agora sem os encantos que antes encontrava, mas que , caso permita, venha desfrutar os primores dos primeiros meses de mandato com a prestígio dentre os aliados, que não encontra mais por cá.   



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