Por mais vezes
Analú nos leva em uma prosa enxuta as suas primeiras vezes. São algumas dentro do universo de descobertas de uma adolescente no segundo ano do ensino médio.
Habituada às mudanças
ocasionadas pelo trabalho do pai, nos diz que o melhor jeito de se estar, tomar
posse da casa nova, da vida que se reveste de mudanças, de cidade à cidade,
está em abrir as caixas e despejar os pertences, que posso dizer, fazem parte
de nossa organização, nos abrir para nos reconciliar com as voltas das vidas
que vamos empacotando emoções, sentimentos e angústias, todos dentro de
caixinhas, e uma hora, ao nosso bem, se faz necessário pra que nos organizemos,
despejar os retratos dos sentimentos, abrindo toda uma vida que foi formada
para saber lidar com as novas etapas.
Analú está assim, de uma menina cheia de inseguranças e pé
atrás, na nova escola, na São Paulo depois de uma estada no Rio, vai
descobrindo que deve, também, abrir-se ao novo, às novas amizades e
descobertas.
E conforme as vai acumulando, uma hora se faz necessário,
como sabe a protagonista narradora, tal como os pertences, esta vida, que lhe é
parte, precisa ser vista, alocada junto ao turbilhão de sentimentos que a
colocam a girar os olhos e dar um okay!
E faz isto, vivemos as emoções, não dentro de descrições
minuciosas, como em um diário aberto, revela-nos o necessário em que a ação
narrativa nos norteia com os seus olhares, a sutileza de uma dúvida se a mão
está suada demais para segurar a do rapaz que a leva à algumas primeiras vezes.
Giovanna Vilalva nos presenteia em sua estreia – “Primeira vez”
- com uma bela narrativa do universo de reviravoltas e inseguranças da fase
adolescente à adulta. Uma ebulição de emoções, tomo Bauman, a liquidez, a inconsistência
em que se transformam. Neste gênero de romance de formação – Bildungsroman
-, iniciado pelo romântico Goethe em ‘Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister’
e outros consagrados já percorreram, como Graciliano Ramos em ‘Infância’,
Dostoiévski e James Joyce. A autora balanceia muito bem com o que vai servindo
de substrato e levando a Analú à maturidade, entre Gossip Girls e o musical ‘Os
miseráveis’. O papo com os amigos e a família.
Assim, por mais vezes, mais livros, jovem senhorita,
Vilalva.
Francisco
Carrasco
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